Desperto em mim e encontro-me enredada
Enredada numa malha, numa teia que me prende
Tento, mas não consigo, não me consigo soltar
Tento tranquilidade, mas é tudo muito assustador
Formou-se em mim um casulo de forma inesperada
Olho em volta, e observo…
Onde estão os meus, aqueles que tanto amo
Que estão sempre por perto e nunca me falham
Que estão sempre por perto e contam comigo
Vejo-os, mas não consigo chegar a eles
Não os consigo abraçar, acarinhar e proteger
Estou enredada, enleada e incapaz
Incapaz de ser eu para mim
Incapaz de ser eu para os outros
Queria ser o bálsamo que lhes ameniza a dor
Queria ser o ombro que lhes tranquiliza o sofrimento
Mas não consigo…
Estou enredada, estou enleada no maldito casulo
Sofro com eles, mas existe um fosso
Existe uma distância aterradora
Tento levantar-me, esbracejar, lutar
Tenho de ser capaz de me libertar
Por mim e por eles que precisam de mim
Insisto e sinto a força da teia a abrandar
Não desisto, convenço-me de que a luta vale sempre a pena
Liberto-me, respiro e consigo esboçar um sorriso
A lagarta transformou-se!
Pode agora voar e ir ao encontro do mundo
Só não sei se a borboleta que daquele casulo se desprendeu
Não será agora uma desilusão…
Aquela borboleta que procura um sentido
Nunca mais será a lagarta atenta e perspicaz
Forte, oportuna e disponível.
Será ela tão bela e forte como todos esperam?
Talvez não, mas continuará aqui, sempre
Para aqueles que mais amo!
Texto de MD
São as faces de duas vidas que se individualizam, mas que se precisam mutuamente.