E lá ia eu, a pé, fosse de manhã ou de tarde, chovesse ou fizesse sol. Por certo quase sempre agreste porque é essa a modalidade meteorológica que, ainda hoje, se pratica por cá, ou 8 ou 80.

Eu ia, mas não muito satisfeita, pelo menos no início, mas tinha uma forte justificação… como é que se explica a uma criança que de repente em vez de ir para casa da avó brincar e receber todo o mimo do mundo, tem de ir para uma sala de aula e ficar quieta e calada durante umas boas horas. Ah, e se quiser brincar no recreio não irá ser com os primos e vizinhos já conhecidos, mas sim com estranhos. Estranhos esses que ou se encontravam tão tristes e infelizes como eu, provavelmente também tinham a melhor avó do mundo lá fora, ou então mostravam-se alegres e contentes, coisa que eu nunca conseguiria entender.

Contudo, contrariamente ao que seria de esperar o mais difícil era mesmo a hora do recreio porque, se no início nada parecia satisfatório, depois, aquele espaço, dentro daquelas quatro paredes era o local onde eu era feliz, sentia-me segura e também ali eu tinha mais uma avó.

A minha Professora Primária já tinha sido Professora Primária da minha mãe, e por isso, devido à sua idade, sempre que nos via tristes, insatisfeitos e com a lágrima a deslizar pelo rosto, dizia que a podíamos tratar por avó e talvez assim conseguíssemos suportar melhor a saudade da outra, da avó biológica que dava muito mimo.

Pois é, a sua idade algo avançada e a sua personalidade permitiam que facilitasse a proximidade daquelas crianças frágeis, mas a sua experiência e profissionalismo rapidamente nos faziam perceber que o respeito e dedicação pelo objetivo que ali nos levava não podiam sofrer um beliscão que fosse, eram a prioridade.

Exigente, rigorosa, austera, mas simultaneamente paciente, motivadora e empática. Era assim a minha Professora que ainda hoje lembro com carinho e com gratidão por tudo o que aprendi naquela sala de aula… E não foram só números, contas, letras, ditados, cópias, foi muito mais, foram normas, regras, atitudes e competências sociais e pessoais que me acompanham até hoje e nunca as irei perder, porque esse conjunto de caraterísticas sou eu, hoje e sempre.

Muita conversa eu esbanjei por aqui, para tão simplesmente vos falar da importância que tem um/a Professor/a na nossa vida, como nos marca e influência a pessoa em que nos tornamos quando crescemos. Falo particularmente da minha Professora Primária, mas podia falar de tantos outros que por mim passaram ao longo do meu percurso académico, passaram e ficaram.

“Professores brilhantes ensinam para uma profissão. Professores fascinantes ensinam para a vida.” Augusto Cury
 
Eu tive a sorte de ter muitos professores fascinantes!

Texto MD

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2 thoughts on “DIA MUNDIAL DO PROFESSOR

  1. Gostei muito.
    O meu neto Gui, este ano mudou de escola, para frequentar o seu primeiro ano do ensino obrigatório.
    Logo depois do seu primeiro dia de escola, surgiu o seu primeiro desabafo.
    “Mãe, custa estar tanto tempo sentado na aula. Não vou conseguir”
    Depois no dia seguinte outro desabafo.
    “Mãe não gosto de brincar no recreio. Não tenho os meus amigos. Quero voltar para a escola antiga.”

    As coisas estão a mudar.
    Já gosta de ir para a escola.
    Já gosta de lá almoçar, pois até já troca o almoço na casa dos avós, pelo o almoço na escola.
    Parece que já encontrou uma professora que o fascinou.
    🙂

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