A vida é uma dança eterna entre dar e receber, um baile de sombras e luzes que nos envolve numa coreografia contagiante. A vida é um mar que nunca se cansa de nos surpreender. Um dia, brinda-nos com um sol brilhante, um abraço que aquece a alma, uma risada que ecoa como música nos ouvidos. No outro, recolhe as ondas, leva-as consigo para um lugar desconhecido, e nós? Nós ficamos sozinhos, na areia, despidos, descalços e com o olhar firme no horizonte… e vamos perguntando: porquê?
Porquê? Talvez porque a nossa existência seja um grande enigma, cujas peças se encaixam e se desencaixam num ritmo alucinante que nos deixa sem fôlego.
É assim, sempre assim. Recebemos de um lado, e do outro, algo nos é subtilmente retirado. Um equilíbrio frágil, um bailado de ganhos e perdas que nos faz questionar se somos realmente donos de algo, ou se apenas emprestamos e nos emprestam tudo o que temos, até que a vida decida recolher.
Há dias em que a esperança brilha como um farol, um guia cintilante por águas calmas. Noutros, o medo envolve-nos como uma névoa densa, e avançamos às cegas, tateando no escuro, sem saber se o próximo passo será firme ou se o caminho se desmoronará sob os nossos pés.
E ainda assim, seguimos. Porque há uma força que nos habita, mesmo quando nos sentimos fracos. Uma coragem que surge do nada, como uma faísca no meio da tempestade, lembrando-nos que somos feitos de histórias, de quedas e de recomeços. Cada contrariedade superada é uma prova de nossa força interior, um testemunho de que somos capazes de enfrentar o que parece intransponível.
Não há respostas fáceis para as adversidades. Não há um manual que nos ensine a reagir quando o chão parece querer ceder. Mas há uma verdade que carregamos dentro de nós: a vida é inconstante, sim, mas é também generosa. Tira, mas também nos dá. Derruba-nos, mas também nos ensina a levantar. Faz-nos chorar, mas também nos presenteia com momentos tão belos que parecem suspender o tempo na alegria.
Esta dualidade não é uma contradição, mas sim o reflexo da complexidade humana. Aceitar a nossa vulnerabilidade pode ser, paradoxalmente, a nossa maior demonstração de força. É nessa delicada balança entre fraqueza e força que encontramos a verdadeira essência de quem somos. Nesta dança da vida, somos simultaneamente aprendizes e mestres, fracos e fortes, temerosos e corajosos. É neste equilíbrio delicado que encontramos a nossa verdadeira força e aprendemos a valorizar cada momento.
Então, como reagir? Talvez a resposta esteja em aceitar que não temos controle sobre as marés, mas podemos aprender a nadar. Entender que a dúvida faz parte da jornada, mas não nos deve paralisar. Então, devemos abraçar a fraqueza, porque é ela que nos torna humanos, e devemos celebrar a força, porque é ela que nos mantém vivos.
E depois?
E depois, há que acreditar que, mesmo nos dias mais sombrios, há uma luz que persiste. Uma luz que não se apaga, porque a vida, na sua infinita sabedoria, sabe que precisamos dela para seguir em frente.
Então, sigamos!
Com um medo corajoso. Com uma dúvida esperançosa. Com uma fraqueza fortalecida. Porque a vida é isso: uma dança constante, e nós somos os seus engenhosos dançarinos.
Texto de MD
