Há dias que não sei o que sinto.
Não é tristeza, mas também não é alegria.
Não é medo, mas também não é paz.
É qualquer coisa que se atravessa cá dentro, silenciosa, sem forma, sem nome…
Como se a alma estivesse à procura de si mesma, tateando no escuro por algo.

Às vezes, parece que o coração fala uma língua que a mente não compreende.
E eu fico aqui, neste silencio ruidoso, a tentar decifrar sinais que ninguém desenhou.
Por vezes só queria poder dizer: é isto! — mas não é…

Quem me dera saber qualquer coisa…
Qualquer coisa que trouxesse sentido, mesmo que fosse um sentido inventado.
Quem me dera saber o que quero ou pelo menos saber o que não quero.
Mas nem isso.
Só sei que há um vazio cheio demais para ser ignorado.

Talvez crescer seja isso:
Aprender a caminhar sem chão e sem mapa para confirmar a direção.
Talvez viver seja aceitar que há perguntas para as quais não há resposta.

Então escrevo, mesmo sem entender.
Sinto, mesmo sem nomear.
Respiro, mesmo sem saber porquê.
E, de alguma forma, isso já é existir.
Isso já é ser.

E talvez, só talvez, um dia eu olhe para trás e diga:
Era aquilo. Aquilo que eu não sabia, mas que me fazia ser exatamente quem eu precisava ser.

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