Há presenças que se tornam silêncio. Não por falta de palavras, mas porque falam numa linguagem que não entendo, apenas sinto. E é nesse espaço entre o que já não é e o que ainda ecoa ser que moram as questões mais profundas.
A vida, por vezes, desloca-se… sem aviso. Algo se quebra, e o mundo segue como se nada fosse. Mas dentro, bem lá fundo, o desarranjo é completo, tudo muda. Há uma espécie de neblina nos dias de sol intenso, uma sensação de indefinição que paira nos gestos, nas manhãs e nos pensamentos. Não é apenas tristeza é algo mais delicado.
Um certo vazio, algo que não pede para ser preenchido, só quer ser reconhecido, olhado com a calma de quem entende que nem tudo precisa de explicação. E nesse espaço silencioso, espero que algo comece a nascer, uma memória viva, um tipo de presença que não depende do tempo ou da matéria.
Com o tempo, talvez não doa menos, mas dói de forma diferente. E às vezes, quem sabe, talvez apareça uma paz tímida. Como uma luz fraca lá ao fundo de um túnel infindável. Um sinal de que a ausência não apagou tudo porque ainda é possível caminhar.
Não se trata de seguir em frente, como se fosse possível deixar para trás o que vive em nós. Trata-se de seguir com… com o que ficou, com o que aprendemos, com o que se tornou parte do que somos.
Há perdas que nos rasgam, mas também nos revelam.
E no meio do que partiu, pode nascer um novo jeito de permanecer.

Nem tudo realmente precisa de justificação. E, é talvez isso que qd há tristeza torna tudo mais delicado. Sentimos é que algo muito lindo que deixámos de ter, permanece mais em nós.
Passam a ser as nossas novas raízes na vida.
Verdade!!!