A pandemia, ainda presente entre nós, embora transposta para segunda plano, foi, é e será sempre vista como uma fase marcante das nossas vidas em todas as vertentes. Aqui, quero falar em particular da saúde mental.

Continuamos emocionalmente instáveis e com dificuldade em recuperar dos malefícios provocados pelo risco, perigo e medo de contaminação, pelo isolamento social, pelas perdas de emprego, pelas mortes de ente queridos que não tiveram um fim digno, com acompanhamento, choro e sofrimento adequado. Digo isto porque o choro e o sofrimento estiveram presentes, exacerbados até, devido à impossibilidade de realizar a necessária despedida que contribui para o processo normal de luto.

Podia relatar aqui uma infinidade de situações que nos perturbaram e provocaram mal-estar emocional e até algum desequilíbrio psicológico e que persiste em manter-se ao longo do tempo. Alguns conseguiram recuperar com o regresso à “normalidade”, outros nem por isso. Não houve ainda tempo para isso.

E agora? O que acontece quando adicionamos uma sobrecarga emocional negativa às fragilidades ainda presentes?

Ninguém está preparado para assistir a uma guerra, nem de perto nem de longe. A ansiedade aumenta, o terror provoca sensação de revolta e a impotência perante o que está a acontecer incita uma frustração apavorante.

Resta-nos pensar o que, na nossa insignificância, podemos fazer para ajudar.

Muito se tem feito e a generosidade das pessoas é flagrante.

Um dos atos mais preciosos que se verifica no altruísmo do momento é a receção daqueles que fogem, sem nada, de uma guerra que não querem e da qual não são culpados.

Pergunto: Como é que pessoas que se encontram, ainda, instáveis emocionalmente recebem e apoiam outras que estão claramente e justificadamente com um quadro psicológico ainda mais agravado?

Penso que esta tem de ser uma preocupação de todos!

Queremos ajudar e apoiar, mas podemos não estar nas melhores condições para o fazer. O fato de ficarmos conscientes desta realidade pode, por si só, ajudar a mediar as emoções e a controlar os ímpetos.

Vamos precisar de níveis elevados de tolerância, de paciência e de compreensão para agirmos de forma consciente, sem intolerância nem juízos de valor.  
                           
Uma vez mais compreendemos a importância dos Psicólogos. Só eles poderão ajudar os que cá estão e os que estão a chegar. Todos precisam para que o resultado seja o esperado.

É urgente restabelecermos a paz emocional dentro de nós e entre todos!

Texto de MD          

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