A espera deveria ser um momento único de reflexão e de relaxamento, onde se pode apreciar a arte, a arte de viver. O que é bom não chega logo! Não podemos forçar os encontros, as situações, pois nem tudo deve acontecer rapidamente. Isto a propósito da forma rápida como vivemos e de uma visão do homem pós-moderno.
O ponto de partida deste texto é a visão do homem contemporâneo na pós-modernidade. Este homem abandona os seus próprios sentidos e sentimentos, os quais, aparentemente, são facilmente descartáveis, e vive desconfiado da condição de estar ligado permanentemente, já para não falar do eternamente. O homem pós-moderno liga-se, mas não se fusiona, vive no virtual e fragmenta a sua realidade. Os valores e os sentimentos passaram do estado sólido ao estado líquido, pois o estado sólido “obriga” a compromissos, sentimentos e valores que lhe podem trazer encargos e tensões para as quais não se sente apto. Mas pior, é achar, que isto limita a sua liberdade para se relacionar com o mundo.
Vivemos numa era onde esperar tornou-se um palavrão e existe um culto à satisfação instantânea, à autoimagem do SELFIE, e isto só soma frustrações. Pois as coisas acontecem rapidamente e o Arroz feito em 2 minutos não pode ficar bom! Os momentos, são instantes e passam para um outro instante, sem quase se ter tido a oportunidade de viver e sentir o momento anterior. É preciso parar (FERMARTI – como dizem os italianos), e olhar para o nosso interior de forma profunda, ir ao encontro do nosso verdadeiro EU/SELF, pois as máscaras protegem-nos dos outros, mas não de nós próprios.
Assim, o homem pós-moderno passou a assumir um estado líquido dos seus valores e sentidos, sente-se vulnerável e vive na cultura do EU Exterior, misturado com multiplicidades de estilos de vida, vive num hibridismo. O homem pós-moderno vive dos micro sentidos e de alguma forma perde o sentido essencial da sua existência, por vezes vive num vazio existencial. Por outro lado, dada esta perda do sentido este é procurado no desejo da vontade de SER. Passou a viver de forma líquida, onde a cultura do EU fez perder a consciência da cidadania e do dever moral com o outro, numa sociedade secular onde D’us morreu, porque o homem pós-moderno quis matar esta existência, vive em sociedades fragmentadas e imerso em instabilidades políticas e económicas. Por vezes deixou de acreditar e assim se tornou num ser de valores líquidos, onde é fácil mudar o seu cotidiano, preocupado pelo presente e material e não pela sua interioridade, onde a razão perdeu o seu lugar.
O homem deixou de ser o centro da sua própria existência. Esta preocupação com o seu corpo e a não identificação com a sua alma faz com que exista uma labilidade e elasticidade emocional, procuram uma espiritualidade cética sem base em qualquer Fé.
Texto e vídeo de Abel Abejas
Título, texto e entrevista muito bons.
Parabéns.