Sessenta, setenta, oitenta, noventa….
Com a pretensão de assinalar o preciso momento,
Em que nos colocam um estúpido rótulo
Que ignorantemente diz: “fora de funcionamento”.
Tão enganados que todos estes estão
Se pensam que a idade me trava ou me bloqueia,
Pois nem a reforma ou a jubilação
Adormecem o rumo que me norteia.
O sonho contínua em mim
Assim como a vontade de viver,
Apesar do muito que vivi
Tenho ainda muito mais para aprender.
Este trajecto proporcionou-me tanto
Que agora posso relaxar, viajar e descansar,
Dar conta daqueles sentimentos
Que por falta de tempo não consegui valorizar.
Mas se pensam que me vão ver obsoleta
Meus caros amigos, estão muito enganados,
Serei útil por muito mais tempo
E uma boa sala de aula para os mais interessados.
Aprendi,
A observar com olhos que não tinha,
A cheirar aromas que desconhecia,
A ouvir só o que me apetece,
E a degustar com toda a supremacia.
Agora chamam-lhe idadismo
Modernices… até para a descriminação,
Se me pretendem magoar, não vão conseguir
Pois prefiro ter paz do que razão.
Viva a vida, viva a sabedoria
Porque os humanos não têm prazo de validade,
O respeito e admiração que lhes transmitimos
Deve ser proporcional à sua idade!
Velha eu?
Não sei se devo rir ou até gargalhar,
Talvez o silêncio seja o melhor remédio
Para a ignorância de quem um dia lá há-de chegar!