Outono… é quando o céu se silencia em tons de dourado e as árvores, sem pressa, se despem. Cada folha que cai é um sussurro, um lembrete de que nada é eterno. Penso… deixo-me cair em pensamentos porque o outono é um espelho da alma, onde os benefícios e malefícios da estação encontram eco nas minhas próprias transformações internas.
Há um prazer quieto em observar as folhas dançando ao vento, em perceber que há beleza no cíclico, no inevitável. Oiço o crepitar das folhas secas sob os pés… é como uma memória que teima em ser ouvida. Caminho entre elas, acolho a frescura do vento, e sinto que, assim como as árvores, também eu me posso despir do que não me serve mais e decido abraçar apenas o que é importante. O outono é sábio… ensina que há força na simplicidade e que a verdadeira renovação nasce daquilo que nos permitimos deixar ir naturalmente.
Mas… no Outono há também o peso das sombras mais longas. As noites que se estendem, ganham espaço e são como pensamentos insistentes que não encontram repouso. O frio suave toca a pele, mas é na alma que o outono realmente se manifesta. Ele traz consigo a melancolia subtil, um convite ao recolhimento que, por vezes, é solitário demais. O encurtar dos dias faz-me lembrar que o tempo passa, e junto dele, por vezes há um luto silencioso nas manhãs de nevoeiro, uma saudade que nem sempre tem nome, mas que se sente no ar.
O outono pede equilíbrio: entre o que amamos e o que perdemos, entre a presença que celebramos e o que precisamos deixar partir. É a estação que nos mostra que a beleza e a tristeza podem coexistir. No fundo, o outono é uma metáfora para a vida, para o que somos enquanto nos transformamos.
Eu, que escuto as dores dos outros, encontro no outono uma sabedoria ancestral, uma compreensão silenciosa de que todo o fim é também um começo. Há o medo, sim, de que o inverno venha frio demais, de que a escuridão seja longa. Mas há, igualmente, a certeza de que o renascimento só é possível depois do descanso, depois do ciclo de renovação. E assim, como as folhas que flutuam no chão, aprendo a cair com leveza, a aceitar o fluxo da vida, e a encontrar no meio da transição, a beleza que se esconde em cada passagem, em cada vivência.
Outono é a poesia do fim e do recomeço. E nesse vai e vem de cores e sensações, eu me descubro um pouco mais humana, um pouco mais sensata, um pouco mais completa.
Texto de MD
“Outono é a poesia do fim e do recomeço. E nesse vai e vem de cores e sensações, eu me descubro um pouco mais humana, um pouco mais sensata, um pouco mais completa.”
Para mim outono é a magia da cor
É essencialmente isso.
Após a leitura do texto deixou de o ser…
Que o novo sentido faça sentido!