A vida, às vezes, parece um grande palco onde luzes e sombras dançam juntas. Sentimos a alternância entre o brilho que aquece e a escuridão que gela. Fases, processos, dualidades que convivem lado a lado e nos deixam no limbo entre o voo das coisas extraordinárias e o peso que insistentemente teima em respeitar e acelerar a lei da gravidade.
Enquanto sorrimos por conquistas, lutamos contra os pensamentos que parecem querer roubar a paz. É como segurar numa rosa — a beleza da flor é encantadora, o seu cheiro é inebriante, mas os espinhos estão lá, lembrando que toda a perfeição tem imperfeições.
O equilíbrio é um desafio. É difícil viver entre contradições. É como caminhar sobre uma corda bamba emocional, entre o positivo e o negativo, entre o certo e o errado. É preciso coragem para reconhecer que, em certos momentos, não teremos todas as respostas. Parece que o próprio equilíbrio não é um estado permanente, e sim um movimento constante de procura, de ajustes e de aprendizagem. O que resta, então?
Talvez, reste aceitar que a vida é assim: um mosaico. Não é feita apenas de peças perfeitas e coloridas, mas também de pedaços ásperos, lascados e sombrios que, de alguma forma, compõem algo maior. Aceitar o caos interno, sem se perder nele, é o caminho a seguir.
Se sente esta dualidade, saiba que não se trata de uma fraqueza, mas sim de um sinal para parar e refletir sobre o ensinamento que a vida está a proporcionar nesse momento…
Nunca teremos todas as respostas, mas estou certa que o equilíbrio não está em eliminar as sombras, mas sim, em aprender a dançar com elas. Celebrar o que é bom e acolher com gentileza o que é difícil. Dar-se permissão para sentir, sem julgamentos, enquanto define o melhor caminho.
E talvez, só talvez, o verdadeiro equilíbrio seja isso: continuar caminhando. Um passo de cada vez, mesmo quando tudo parece incerto.
O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada.
Caminhando e semeando, no fim, terás o que colher.
Texto de MD, frase final de Cora Coralina